05/09/2007

Porque é tão difícil nos dias de hoje mudar nossos hábitos alimentares ?

Muita gente tem enorme dificuldade ou simplesmente não consegue mudar a sua alimentação, apesar de toda a informação disponível hoje em dia. Por quê? Você certamente já passou por isso ou conhece alguém que passou: a eterna promessa de que na segunda-feira tudo mudará e você começará a se alimentar melhor. Quando não dá certo, a promessa normalmente é jogada para o fim do ano ou depositada em um livro que ensina a revolucionar a alimentação. Por que será? Por que é tão difícil trocar os velhos hábitos por novos? O problema não está na falta de informação. Há de sobra. Onde então estaria o problema? A resposta não é simples. O hábito alimentar de uma pessoa não é determinado exclusivamente por seu paladar. Ao contrário. A comida que nossos pais colocavam à mesa, a cultura, o ritmo de vida, entre outros (leia box a seguir) são apenas alguns dos ingredientes que se somam para formar o que se chama de padrão alimentar. E mudar uma rotina estabelecida, que, em alguns casos, nos acompanha desde a infância, não é nada fácil. Mudar hábitos que já fazem parte de nossa rotina não é tarefa fácil. O ato de comer é um prazer no qual os cinco sentidos estão envolvidos e, por isso, é mais difícil esquecer algo tão envolvente, . Outro fator que dificulta a troca de hábitos alimentares é o próprio sabor dos alimentos. A gordura, um dos principais componentes das junk foods, é também um dos fatores que mais ajudam a torná-las saborosas.
Outro fator importante quando se pensa em rever a alimentação é o estado emocional e psicológico. Alguns estudos mostraram que as mulheres, mais do que os homens, tendem a se alimentar de forma desordenada e compulsiva quando deprimidas ou sob estado de estresse intenso. Estudos também vêm mostrando que alguns alimentos parecem ter mesmo alguma capacidade de reduzir a ansiedade, como é o caso do chocolate. Por isso, ele é uma das primeiras escolhas de pessoas que vivem sob tensão. No caso das mulheres, há um outro importante componente a dificultar a mudança dos hábitos alimentares: a imagem corporal, amplamente estimulada pela mídia. Em situações como essa, a comida muitas vezes deixa de ser um conforto e passa a ser uma inimiga. Não é à toa, portanto, que os distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia, afetem mais mulheres do que homens. Buscar informações a respeito do valor nutricional dos alimentos, da forma adequada de se alimentar e do número mais adequado de porções diárias de cada alimento é sem dúvida uma atitude importante quando se quer mudar. Como fazer, então, com que uma pessoa incorpore novos hábitos? Para os especialistas, a melhor maneira é por meio da educação. O processo requer tempo, a fim de que também haja tempo para que as pessoas se adaptem às novidades. Quanto mais radicais forem as determinações, menos chances de sucesso se terá. As mudanças que fazemos tem que ser de forma gradativa e constante, sem radicalismos. Os novos hábitos só serão incorporados, entretanto, se houver prazer nessa troca. Conheça os fatores que o levam a comer o que você come.
Muitos fatores influenciam o que você come e a quantidade. O marketing ganhou um peso muito grande ao longo dos anos – basta ver o quanto algumas empresas investem no lançamento de seus produtos –, mas talvez os mais fortes sejam os culturais e de grupo.
1. MARKETING - O marketing por trás de um produto é capaz de criar um desejo que talvez você nem tivesse: o de comprar aqueles alimentos conhecidos como “calorias vazias”, ou seja, repletos de calorias e pobres de nutrientes saudáveis. As propagandas também são capazes de criar – especialmente em crianças – a vontade de visitar certos restaurantes ou lanchonetes ou de comer determinado tipo de alimento. A oferta de produtos (muitos deles nada benéficos à saúde)– é imensa hoje em dia. Você já notou quantos alimentos coloridos e “simpáticos” estão à disposição nas prateleiras dos supermercados?
2. CULTURA - Certas populações ao redor do planeta têm baixíssimos índices de doenças cardiovasculares e obesidade. Estudos mostraram que isso se deve em grande parte ao modo como esses grupos se alimentam. Alguns locais da Europa próximos ao Mediterrâneo têm como hábito comer porções generosas de verduras e legumes, cozinhar os alimentos com azeite no lugar da manteiga e tomar pelo menos uma taça de vinho. A chamada “dieta Mediterrânea”, hoje se sabe, é responsável pela baixa incidência de problemas no coração. No extremo oposto estão os Estados Unidos, onde proliferam as comidas fast-food e industrializadas. Não é à toa que o país apresenta uma altíssimo de números de obesos, cardíacos e diabéticos. Isso mostra o quanto a cultura de um povo é capaz de determinar o que ele come. Outros grupos também têm hábitos alimentares diferenciados devido a crenças religiosas, sociais e até políticas, como é o caso de muitos vegans americanos e europeus. Os vegans tiram de sua alimentação tudo o que venha de animais, como leite, ovos etc. Muitos deles acreditam que é crime matar animais para se comer.
3. ROTINA - O estilo de vida moderno levou muita gente a mudar o seu padrão alimentar e criar um novo no lugar. Quem não abre espaço para a hora da alimentação e sempre come com pressa, “na rua”, ou o que tiver em casa, tem muito mais chance de ter um alimentação nada saudável. E mais: ganhar alguns quilinhos.
4. DISPONIBILIDADE DOS ALIMENTOS - A disponibilidade de lugares para comer e de novos alimentos são um dos fatores que levam as pessoas a comer sem pensar no que estão comendo. Outro fator é o tamanho das porções. Os americanos são conhecidos por terem uma das maiores "porções" de alimento do mundo, que eles mesmos nomearam de “supersize”, ou seja, tamanho gigante.
5. FAMÍLIA E GRUPOS SOCIAIS - As crianças tendem a repetir os hábitos alimentares dos pais e aprender com eles. O hábito alimentar começa a ser criado na infância, daí a importância de os pais estarem conscientes disso. Quando uma pessoa da família fica doente e precisa mudar o seu padrão alimentar, como é o caso, por exemplo, dos hipertensos e diabéticos, é importante haver um comprometimento de todos em relação à nova alimentação do doente. Quando isso não acontece, muitos pacientes não conseguem aderir aos novos hábitos pois se sentem “diferentes” do resto da família. O mesmo acontece quando em relação a amigos, por exemplo. O medo de ser excluído ou julgado faz com que muitos optem por manter o mesmo comportamento alimentar do grupo em vez de aderir a um que seja legítimo e particular.
6. ESTADO EMOCIONAL - Quem nunca devorou um chocolate para esquecer algo desagradável? Depressão, ansiedade e estresse podem levar muita gente a desviar o foco do alimento, fazendo com que ele seja um substitutivo para as frustrações cotidianas. Algumas vezes não se consegue mudar o padrão alimentar até que o lado emocional esteja bem admistrado.
7. CONHECIMENTO - Informação ajuda. A divulgação dos preceitos da alimentação saudável fez muita gente mudar de vida e passar a prestar mais atenção ao que se come. Mas, às vezes, a informação pode atrapalhar. Os estudos são tantos e há tantas novidades na área de nutrição, que podem levar muita gente a ficar confuso.
O mais importante é lembrar que mudança envolve tempo, trabalho, paciência e muita, muita dedicação.

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